quarta-feira, 23 de maio de 2012

As 50 Intervenções Desnecessárias durante a gravidez, parto e pós-parto

(Por Ingrid Lofti com supervisão técnica de Melania Amorim e Maíra Libertad)

1) Exames pré-natais não incluídos na rotina preconizada pelo Ministério da Saúde do Brasil (os exames recomendados são: grupo sanguíneo e fator Rh, sorologia para sífilis - VDRL, hemoglobina e hematócrito para rastreamento de anemia, exame de urina tipo I, sorologia para HIV e hepatite B - AgHBs, glicemia de jejum, teste para toxoplasmose-IgM, colpocitologia oncótica se necessário).

2) Exames de efetividade discutível sem prévia discussão com a gestante sobre riscos e benefícios (p.ex. pesquisa de EGB (Estreptococcus do Grupo B)).

3) Prescrição de complexo vitamínico, sem uma indicação clara.

4) Ultrassonografias sem indicação clínica.

5) Dopplerfluxometria em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.

6) Ecodopplercardiografia (exame para avaliar o coração) fetal em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.

7) Cardiotocografia em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.

8) Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.

9) Cesariana eletiva sem indicação clínica e/ou sob falsos pretextos (ver lista das "Indicações das desnecesáreas).

10) Exames de toque antes do trabalho de parto, sem indicação clara.

11) Descolamento de membranas antes de 41 semanas de gravidez.

12) Descolamento de membranas sem prévia discussão e autorização da gestante.

13) Restringir a escolha do local de parto.

14) Desencorajar ou proibir o acompanhante no parto da escolha da mulher.

15) Internação precoce.

16) Exames de toque abusivos durante o trabalho de parto e de rotina.

17) Exames de toque SEM o prévio consentimento da gestante.

18) Toque Retal.

19) Jejum, tricotomia (raspagem dos pêlos) e enema (lavagem intestinal).

20) Qualquer restrição à deambulação/liberdade de movimentos.

21) Estabelecer limites rígidos para a duração da fase latente, ativa e do período expulsivo.

22) Atrapalhar o processo fisiológico do parto, desconcentrando a gestante.

23) Monitoração fetal contínua ao invés de intermitente (onde o profissional ausculta o bebê de tempos em tempos com o sonar).

24) Uso rotineiro de soro com ocitocina/indução com misoprostol.

25) Uso rotineiro de analgesia de parto.

26) Oferecer ou insistir na analgesia de parto sem que a mulher a tenha solicitado.

27) Amniotomia de rotina (rompimento da bolsa).

28) Puxos precoces (treinar fazer "a" força, antes que a mulher possa sentir os puxos).

29) Puxos dirigidos ("faça força agora", "força comprida", etc).

30) Manobra de Valsalva (orientar a "trincar os dentes e fazer força").

31) Desestimular a escolha pela mulher da posição/ambiente em que quer parir.

32) Manobra de Kristeller (empurrar o fundo do útero)/pressão de qualquer intensidade no fundo uterino/"só uma ajudinha".

33) Manobra de "divulsão" perineal e/ou massagem perineal sem consentimento da mulher.

34) Episiotomia.

35) Não permitir o nascimento espontâneo.

36) Aplicar fórceps e vácuo de rotina e/ou sem autorização da mulher.

37) Sutura rotineira das lacerações.

38) Revisão instrumental do canal de parto de rotina (fórceps, vácuo extrator).

39) Cesariana intraparto sem indicação precisa e sem caráter de emergência.

40) Ligadura precoce do cordão, sem aguardar parar de pulsar.

41) Entregar um bebê vigoroso ao neonatologista para secar e aquecer, afastando-o da mãe.

42) Aspiração de rotina das vias aéreas do recém-nascido.

43) Passagem de sonda de rotina no recém-nascido, para pesquisar atresia de coanas, atresia de esôfago e ânus imperfurado.

44) Uso rotineiro de Credé (colírio de nitrato de prata).

45) Levar bebês saudáveis para o berçário.

46) Fazer qualquer procedimento com o RN sem consultar e obter autorização dos pais.

47) Não permitir o delivramento (saída da placenta) espontâneo.

48) Revisão manual da cavidade uterina de rotina, mesmo em casos de cesárea anterior.

49) Oferecer bicos, chupetas, mamadeiras, com leite artificial para o recém-nascido.

50) Aplicar vacinas sem o consentimento e autorização dos pais.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Parto humanizado reduz mortalidade materna

Especialistas garantem que quanto menor a intervenção, menores também os riscos para a mãe e para o bebê.

O risco de uma mulher morrer em consequência ou durante o par­­to de cesariana é quase quatro vezes maior que no caso de parto normal. Campeão mundial em cesáreas – a técnica representa cerca de 70% dos partos ocorridos no país –, o Brasil poderia reduzir os altos índices de mortalidade materna apenas adotando medidas que dispensam ou requerem o mínimo de intervenção cirúrgica para se dar à luz. Nessa nova postura preventiva, as vantagens do parto humanizado ganham cada vez mais espaço entre profissionais e gestantes.

Os dados são alarmantes. De acordo com a Organização Mun­­dial da Saúde (OMS), 600 mil mu­­lheres morrem por ano em todo o mundo em decorrência do parto – uma a cada minuto. Apesar dos esforços, no Paraná a média ainda preocupa. De janeiro a 21 de se­­tembro do ano passado, houve 101.543 nascimentos e 41 mulheres morreram, perfazendo um índice de 40,4 mortes por 100 mil nascimentos, o dobro do índice considerado aceitável. Até o ano passado, a proporção era de 54,6.

Segundo especialistas, esse panorama é resultado da cultura “hospitalocêntrica” copiada do modelo norte-americano. “Médi­cos e gestantes, influenciados pela ideia de maior produção em me­­nos tempo, se convenceram de que o mais prático é marcar a hora do parto, contrariando a própria na­­tureza da mulher”, aponta o obstetra e ginecologista Lucas Barbosa da Silva, coordenador do serviço de obstetrícia do Hospital Sofia Feldman, de Belo Horizonte (MG).

As altas taxas de cesarianas, avalia o médico, não condizem com a realidade econômica brasileira. Em países desenvolvidos, privilegiam-se os procedimentos normais, comprovadamente mais eficientes e menos perigosos tanto para a mãe quanto para o filho. “Mesmo em Cuba, economicamente ainda com muitas deficiências, a mortalidade materna não passa de 25 para cada 100 mil nascidos vivos, resultado direto da preferência pelos partos normais, usados em cerca de 70% dos nascimentos”, explica.

Defensor da humanização, o obstetra lembra que o Ministério da Saúde vem adotando uma série de medidas a fim de garantir melhores condições às gestantes e recém-nascidos. Uma das exigências para as novas maternidades ou para aquelas que passem por reformas é a de separar a área de parto da enfermaria normal e a adoção do conceito PPP (procedimentos de pré-parto, parto e pós-parto no mesmo local e cama, sem que a paciente precise ser deslocada para outro ambiente).

A preocupação com essa realidade faz parte dos compromissos do Paraná assumidos no Pacto Nacional de Redução da Morta­­lida­de Materna e nos Obje­­tivos de Desenvolvimento do Milênio. No entanto, as taxas de mortalidade ainda caem a passos lentos: 2% ao ano, um terço do necessário para que o estado chegue à marca de 39 mortes/100 mil nascimentos. Segundo análise do Observatório Regional de Indicadores de Sus­­tentabilidade (Orbis), esta é a única das 11 metas que não será atingida em 2010 e nem em 2015.



Epidemia silenciosa

Em 20 anos, desde a instalação do Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna e Infantil, foram registrados e investigados 2.667 óbitos de gestantes em função do parto no estado. Dessas, 83% poderiam ser evitadas. As maiores vítimas são mulheres com idade entre 28 e 35 anos, com dois ou três filhos. Nesse tempo, 5.524 crianças ficaram sem mães. “Esta­mos diante de uma epidemia silenciosa que poderia ser evitada com medidas simples”, revela a presidente do comitê, Eliana Carzino.

Pré-natal de qualidade e a presença do acompanhante são algumas das alternativas que otimizariam a redução da mortalidade. “Várias portarias, decretos e leis estão sendo editados para que o sistema seja reorganizado e mais humanizado. As mulheres precisam conhecer e exigir os seus direitos”, orienta. A avaliação dos casos, garante, tem papel essencial na elaboração de ações efetivas para que situações semelhantes não se repitam. O programa “Nascer no Paraná”, lançado em maio, tem envolvido a comunidade nesse controle.

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“O parto foi rápido e sem dor”

Grande parte das mulheres sem qualquer problema durante a gravidez e que poderia dar à luz pelo método natural opta pela cesariana por causa da dor do parto. Te­­merosas de que o trabalho de parto possa durar horas e a fim de evitar o sofrimento prolongado, submetem-se à intervenção cirúrgica por considerarem mais cômodo. Na contramão dos avanços tecnológicos, uma técnica simples vem ga­­nhando cada vez mais espaço en­­tre profissionais de saúde e gestantes: o parto na água.

A técnica proporciona maior bem-estar durante o trabalho de parto pelo efeito anestésico da água morna. Na banheira, as mães ficam mais relaxadas e as dores das contrações são amenizadas. Em al­­guns casos, o pai também pode en­­trar na água. “Muitas mulheres que optam pelo parto normal acabam tendo de fazer a cesariana por exaustão provocada pelas fortes dores. Com o parto na água, as do­­res são mínimas”, explica a ginecologista e obstetra Gláucia Menezes, do Hospital Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu.

Adaptando-se às novas exigências do Ministério da Saúde, o hospital é um dos primeiros no estado a oferecer a técnica às gestantes. Em 21 de dezembro, a equipe do Cos­­ta Cavalcanti realizou os três primeiros partos na água, todos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Lucas Vinicius Rios da Silva, terceiro filho de Maria Candelária Rios Irazábal, foi quem inaugurou a banheira. “O parto foi rápido e sem dor. Não senti quase nada, bem diferente dos dois primeiros, também normais. Re­­comendo”, afirma a mãe.

Uma das primeiras maternidades brasileiras a adotar o modelo humanista no acompanhamento de gestantes e recém-nascidos, o Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte (MG), há anos vem conseguindo manter o índice de cesarianas em 20%. Tudo graças a campanhas de esclarecimento sobre as vantagens do parto normal, o acompanhamento pré-natal e a multidisciplinaridade das equipes de saúde, com psicólogo, enfermeira obstetra e “doulas”, acompanhantes de parto que já tiveram vários filhos.

“A preparação psicológica é muito importante para que a mãe, quando possível, possa tomar a melhor decisão sobre o tipo de parto que deseja”, sugere o obstetra do Sofia Feldman Lucas Barbosa da Silva. Técnicas que auxiliem no trabalho de parto, reduzindo a dor ou possibilitando que o pai possa estar presente, também são bastante utilizadas na proposta de humanização do atendimento à futura mãe. Entre as mais procuradas está a do parto na água, com mais de mil nascimentos desde 2001.




Tipos de parto

Existem basicamente duas variedades de parto – normal e cesariana – e, dentro deles, outras modalidades, com suas vantagens e recomendações. A melhor escolha sempre dependerá das orientações do médico, baseadas nas informações colhidas durante o acompanhamento pré-natal e das condições da gestante e do bebê na hora do nascimento

Parto normal (vaginal)
Forma convencional de dar à luz. Anestesias como a peridural e a raquidiana aliviam as dores e não impedem que a mãe participe ativamente do processo. Evita hematomas, dores pélvicas e infecções, além de exigir menos tempo de recuperação. Em 24 horas a mãe pode deixar o hospital.

Parto natural
Nesse procedimento, a mulher é quem faz o bebê nascer, da forma mais natural possível. Bastante semelhante ao parto normal, mas sem a utilização de anestesia ou qualquer tipo de indução que estimule o nascimento. Tempo de recuperação mínimo.

Parto cesárea (cesariana)
Intervenção cirúrgica recomendada apenas para casos específicos como dificuldade do feto para nascer, posição invertida ou tamanho desproporcional do feto e hipertensão ou diabetes materna. Como em qualquer cirurgia, os riscos são maiores. São usadas as anestesias raquidiana ou peridural e, em alguns casos, a geral. É o parto com recuperação mais difícil, lenta e dolorida. A paciente só recebe alta depois de 48 horas.

Parto “sem dor”
Conjunto de técnicas que auxiliam a gestante a identificar o momento certo do parto e a relaxar e se concen­trar controlando a respiração. Utiliza anestesia raquidiana ou peridural para di­minuir a dor das contrações sem que ela seja totalmente inibida, e assim evitar que a mulher perca a sensibi­lidade e o controle sobre o parto.

Parto de cócoras (das índias)
Oferece a mesma vantagem de recuperação do parto normal. Difere-se pela posição da mãe na hora do nascimento. Mais rápido e confor­tável, a posição de cócoras aumenta a abertura da pelve, facilitando a pas­sa­­gem do bebê. Reduz também a incidência de depressão pós-parto e de dificuldades com a amamenta­ção. No Brasil, teve como importantes incentivadores os paranaenses Moy­sés Paciornik e seu filho Cláudio, que pesquisaram nas aldeias do estado o método utilizado pelas índias.

Parto a fórceps
Utilizado apenas em casos de emer­gência ou de sofrimento do bebê com o auxílio do fórceps. O instrumento funciona como uma pinça especial, com as extremidades em forma de colher para prender e puxar de forma adequada a cabeça do bebê na saída do útero, no parto normal.

Parto na água
Feito em uma banheira com água na temperatura do corpo (37°C). Como no parto de cócoras, permite a presença de um acompanhante. A água morna aumenta a irrigação sanguínea, diminui a pressão arterial e ajuda a relaxar toda a musculatura, aliviando as dores e agilizando o trabalho de parto. A água também facilita a dilatação do colo do útero. Apesar das vantagens, não é recomendado para os prematuros ou em casos de sofrimento fetal e sangramento excessivo.


quarta-feira, 2 de maio de 2012

Por que continuamos a nascer assim?

É assim que os bebes, com sorte, são tratados ao nascer na maioria das vezes em nosso país.



Notem que o bebê chora e muito desde a hora que nasce até ser colocado na incubadora.

Foi um parto vaginal, aparentemente sem complicações. A maiori
a dos procedimentos que fizeram são DESNECESSÁRIOS em situações onde não há complicações no parto. A mãe sequer pegou o bebê no colo.
A maioria dos procedimentos é invasiva, violenta, são feitos automaticamente pelos profissionais que assistem ao parto.

Há muitos anos sabemos que não precisa virar o recém-nascido de cabeça pra baixo (isso me revolta DEMAIS!), não precisa aspirar garganta e nariz de bebê que nasce de parto vaginal porque ao passar pelo canal de parto as secreções e líquido já saem pela boca e nariz do bebê... Nitrato de prata nos olhos também não é necessário na maioria das vezes... Manter o bebê na incubadora por horas após o parto sem complicações também não é necessário.

Enfim, uma lista gigante de procedimentos desnecessários, agressivos, invasivos e que pro bebê (tente se colocar dele!) são violentos... E o vínculo mamãe-bebê onde fica?


Com
parem com os vídeos de parto em casa, de partos assistidos por profissionais humanizados, compare as imagens a descrição de parto do vídeo abaixo.