terça-feira, 12 de junho de 2012

Repúdio à iniciativa do CREMERJ de denunciar Jorge Kuhn por apoiar o parto em casa

Não é possível que o CREMERJ consiga ter algo, uma coisa sequer, contra Jorge Kuhn. Conheço-o ao vivo, de eventos, encontros, palestras sobre assistência humanizada ao nascimento, onde estivemos ambos, de depoimentos (muitos) de mulheres que pariram com ele dando assistência, e não há nenhuma atitude ou palavra que possa denegrir sua imagem e sua atuação como médico obstetra...
Coloco-me cada vez mais terminantemente contra a maneira como a medicina em geral (veja bem, EM GERAL) é exercida nesse país, principalmente no que diz respeito à assistência ao parto.

Jorge Kuhn, estamos com você!!!

Uma  referência à iniciativa do CREMERJ de denunciar Jorge Kuhn por seu apoio ao parto domiciliar pode ser encontrada aqui: http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/06/11/cremerj-abrira-denuncia-contra-medico-que-defende-parto-domiciliar/.


"Neste momento em que mais uma vez o CREMERJ dá provas de sua atitude arrogante e persecutória, desprezando todas as evidências que corroboram a segurança e as vantagens do parto domiciliar e tentando denegrir publicamente o colega Jorge Kuhn, além de coibir a liberdade de expressão, conclamo todos os amigos e simpatizantes da Causa, entre os quais TODOS OS MÉDICOS, vários renomados especialistas e famosos internacionalmente que assinaram o nosso manifesto por um debate cientificamente embasado sobre o parto domiciliar, para divulgar o nosso PROTESTO contra essa denúncia absurda.

Melania Amorim 
CRM-PB 5454 
CREMEPE 9627"

Texto da Ana Cristina Duarte sobre o trabalho, e a importância do Jorge Kuhn no caminho da humanização do nascimento neste país, e na vida de tantas de nós:

"Foi em 2003 que eu, doula naquela época, e Debora Regina Magalhaes Diniz, grávida de seu primeiro filho, sentamos no pequeno consultório dele, pra lá de Santo Amaro. Ela estava decidida a ter um parto normal e ele foi o único médico na cidade que se dispôs a aceitar que ela tivesse de parto normal seu filho Pedro, que estava sentado. 

Jorge Kuhn ouviu a história de Debora, emocionou-se e aceitou o caso. Valores? Não eram importantes, tanto fazia. Ele não estava acostumado a encontrar mulheres querendo tomar posse de seus partos. Semanas depois Debora pode finalmente dar à luz Pedro, num intenso e emocionante parto normal. Foi nosso primeiro atendimento em conjunto.

De lá para cá eu já tive a honra e o prazer de acompanhar esse parteiro em tantos partos, que nem posso mais contar. Também não posso mais contar o número de vezes em que o vi sair furtivamente da sala após mais um nascimento emocionante, com os olhos cheios de lágrimas. Perdi a conta igualmente do número de mulheres que eu ouvi relatarem esses partos emocionadas e embargarem suas vozes ao se referir a ele, o parteiro que lhes deu a mão, a voz e o poder.

Eu já o vi em ação, já o vi tomar decisões importantes, já assisti a maestria de suas mãos em cirurgias emergenciais, assim como vi suas mãos cruzadas sobre o colo por horas e horas, aguardando o ritmo de cada mulher, de cada bebê. Já o vi salvar vidas. Eu assisti suas aulas, e vi paixão naqueles olhos germânicos. Vi os olhos apaixonados olharem para sua esposa Esmerinda e para seus filhos. Vi aqueles enormes braços segurando minúsculos bebês com a delicadeza de um pássaro. Perdi a conta de quantas vezes vi aquelas mãos gigantes receberem com gentileza desmesurada os bebês tão delicados, sem pressa, sem força, sem medo. Firme e sutilmente, recebendo cada criança como se fosse sua própria.

Eu estava lá e eu o vi sussurrar palavras de incentivo, abraçar pais, olhar mulheres nos olhos e dizer: eu sei que você consegue, você consegue minha querida!

Ele me ensinou quase tudo o que eu sei de obstetrícia e quase tudo o que eu sei sobre responsabilidade, ética e profissionalismo. Com ele aprendi a preencher prontuários, partogramas, cartões e receitas. Com ele aprendi a distinguir os 90% normais dos 10% anormais. 

Com ele me fortaleci como parteira, e com ele vi inúmeras mães se fortalecerem como mulheres poderosas e capazes.

Jorge Kuhn ficará sempre, não importa a ira dos Conselhos, como o maior exemplo de médico que já tive em minha vida. Por mais que o persigam, ninguém jamais tirará desse homem o seu verdadeiro título: Médico com M maiúsculo.

Ana Cristina Duarte - Junho/2012"

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