quarta-feira, 21 de maio de 2003

Parto Natural. Sim ou Não?

por Camila Mendes
fonte: http://arvoredobem.ig.com.br/materias/21/0701-0800/771/771_01.html


O parto natural
Abdicar da assistência dos hospitais e escolher ter um bebê em casa, longe das salas de parto e sem anestesia, pode parecer loucura, mas muitas mulheres estão optando pelo parto natural. Aqui você compreende as razões de quem é a favor e de quem é contra.

Por que tantas mulheres estão optando pelo parto natural?
Entre as razões, talvez a sensação de assumir o controle de um momento tão especial seja a mais importante. Da posição de cócoras, à moda dos índios; na água ou apenas no aconchego do seu próprio quarto, este tipo de parto transfere para cada mulher a decisão de escolher a melhor posição e a melhor maneira de ter o seu bebê.

O objetivo?
Tornar o nascimento de um ser humano o menos traumático possível.

O que é parto natural?
O parto natural é aquele realizado sem o auxílio de anestesias e que dispensa o trabalho ou a intervenção do médico ou da parteira, a menos que seja necessário. No parto natural, a mãe ajuda seu filho a nascer, os dois se esforçam juntos e ela o segura logo que ele consegue sair de seu ventre.

Pode ser feito em casa ou no hospital. Em casa, até mesmo a assistência do médico obstetra é dispensada e o trabalho de parto é conduzido por parteiras ou enfermeiras obstetras. Nos hospitais, o obstetra ainda tem que estar presente.

A opinião de quem fez
Andréa Almeida Prado, psicóloga e co-fundadora do Grupo Amigas do Parto, teve seu segundo filho de parto natural, "eu optei pelo parto natural, com uma enfermeira obstetra porque a experiência que eu tive anteriormente no parto normal no hospital foi ruim", conta Andréa.

"Eles fazem intervenções desnecessárias, como soro para acelerar as contrações, uso de anestesia, uma série de procedimentos que acabam dificultando o parto. Eu não gostei. Em casa me senti mais segura, meu marido esteve presente o tempo todo, foi uma experiência maravilhosa".

Andréa teve sua gestação toda acompanhada por uma enfermeira obstetra, que também fez seu pré-natal. O médico ficou na retaguarda, caso fosse necessário encaminhá-la para o hospital.

A opinião dos médicos: a favor "A assistência médica durante a gravidez é indispensável nos casos de parto natural, para detectar desde o começo qualquer anomalia e evitar que um problema na gravidez acabe tornando o parto perigoso", orienta o obstetra e professor da Universidade Federal de São Paulo dr. Jorge Khun.

Nesse contexto, o estado emocional dessa mãe também é levado em conta. O doutor Khun é favorável à idéia do parto natural e não vê nenhum risco neste procedimento, se durante o pré-natal tudo estiver correto. "O parto natural é um evento social e familiar, não pode ser um evento médico, a mãe é o principal, é o foco", afirma. "Mas é importante ter um hospital próximo, no caso de uma eventualidade", adverte o médico.

O outro lado
Embora reconheçam as vantagens do ponto de vista emocional e psíquico do parto natural, muitos médicos não escondem o receio dos riscos que este procedimento envolve: "...apesar das vantagens do parto natural, em 15 a 20% dos partos há necessidade de intervenções diagnósticas e terapêuticas, cirúrgicas ou clínicas" afirma José Aristodemo Pinotti, professor titular e chefe do departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.

Entre o sim e o não, a atitude mais prudente é sempre muita conversa e buscar o máximo possível de informações a respeito. Veja abaixo alguns links que podem ajudar você a decidir.

No site das Amigas do Parto, opiniões, dicas e informações sobre parto.

Para entender melhor a opinião do doutor José Aristodemo Pinotti, leia o artigo dele sobre as Casas de Parto

Leia mais sobre este assunto

Aqui você conhece o trabalho do grupo de atendimento alternativo ao parto da Unicamp, Universidade de Campinas, em São Paulo

Para quem quer ficar longe das salas de parto dos hospitais, mas tem receio de ter seu bebê em casa, uma solução, ainda em fase de pioneirismo, mas que pode trazer bons resultados no futuro são as Casas de Parto. As Casas foram parte de uma experiência pioneira entre as populações carentes do Ceará, trazida para São Paulo, por iniciativa do Projeto Qualis (Qualidade de Vida em Saúde) da Secretaria da Saúde do Estado. A primeira casa, fundada em Sapopemba, foi construída com o apoio do Instituto do Coração e da Fundação Zerbini. Para lá são encaminhadas gestantes do PSF/Qualis em condições clínicas de realizar o parto de forma normal, assistido pelas parteiras e sempre acompanhadas por um familiar que a própria gestante escolhe durante o pré-natal.

A equipe da casa é composta por enfermeira obstétrica ou parteira, que é a diretora técnica responsável, além de auxiliar de enfermagem, auxiliar de serviços gerais e motorista. Não há médicos no estabelecimento, mas existem obstetras e pediatras, designados pelo PSF para participar do treinamento específico da equipe da Casa de Parto para as situações de risco e de emergência. A capacitação das parteiras deve ser realizada através de aulas teóricas e práticas.

Se você quiser mais informações sobre este trabalho, visite o site de especialistas afiliados à Enfermagem do Hospital Virtual Brasileiro.

E conheça o trabalho da Qualis

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