sexta-feira, 9 de maio de 2003

Afinal o que caracteriza a humanização?

- Por Socorro M.

Gente,
Estou encantada com a discussão por conta do parto da irmã da Rose.
E vendo, deu pra perceber que vocês notaram que a humanização do parto não está em fazer ou não parto normal, fazer ou não intervenções, fazer ou não cesárea.

Ricardo, agora vou repetir uma coisa que você vive escrevendo: O cerne da questão do parto humanizado está no PROTAGONISMO DA MULHER, o resto é sofisticação da tutela!

É claro que algumas situações hospitalares melhoram ou pioram muito esse exercício de protagonismo: O atendimento massificado é terrível! Tratar cada uma como uma COISA, como um útero a ser esvaziado é brutal! Parabenizar uma mulher que teve um parto TRAUMÁTICO(para os padrões dela) é uma falta de sensibilidade...

E como é que alguém pode ser protagonista de uma peça que não conheçe o roteiro básico? Como é que uma mulher que mal sabe por onde a criança sai num parto normal( a mamãe não sabia direito quando eu nasci. Juro!) vai poder escolher o que é melhor para ela? Se nem ela mesma sabe?

Conheço uma que quando eu perguntava:E aí, tá conversando com a obstetra a respeito do parto? Ela respondia: Não, deixo isso para a médica, não quero me estressar. É lógico que esse parto foi cesáreo né?

Se a mulher não quer "se dar ao trabalho" de pesquisar, de ler, de conversar com outras mulheres para constuir esse modelo que se adeque ás SUAS necessidades, ningúem vai conseguir atendê-las. Mesmo o obstetra mais sábio vai agir em grande parte com base nas crenças DELE.

E o que eu percebo em uma GRANDE maioria das mulheres é uma preocupação excessiva com o enxoval, o quarto, o peso, varizes, amamentação(algumas
graças á Deus). Mas poucas se interessam em falar sobre parto (gente não tô falando da lista tá, tô falando das buxudas que me cercam viu?). E quando
você puxa o assunto, algumas respondem: Ih, ainda tá longe(essa estava com 7 meses).

Resumindo: NINGUÉM EMPODERA NINGUÉM! O obstetra pode até dar excelentes condições para a mulher conduzir o parto dela, estimulá-la a ler, pesquisar,
falar no assunto mas se ela não estiver interessada, se não for o momento dela... vai passar tudo BATIDO. Como a gente, quando tenta "convencer" uma mulher a ter parto normal.

Mas aí eu faço uma pergunta porque preciso refletir melhor... vocês acham que um obstetra pode tirar o empoderamento ou o protagonismo de uma mulher?
Eu penso que sim e não, que depende do nível de consciência que ela tenha de si, sua sexualidade, seu caminho. Será que apoio externo como esse que a
lista dá, faz mesmo diferença para uma mulher que está "a caminho"? O que vocês acham?

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